Hoje acordei…

Hoje acordei com uma andorinha no estômago. / A noite era de tempo limpo e sono. / Sabia a quebra milenar, cabelo solto. / Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte. / O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune. / Gineceu.

POÉSIA

Pedro Vale (Portugal)

2/21/2023

Mimeógrafo #117
Febrero 2023

Hoje acordei…

Pedro Vale
(Portugal)

Traducción: Oscar Uriel R. Cancino

Hoje acordei com uma andorinha no estômago.
A noite era de tempo limpo e sono.
Sabia a quebra milenar, cabelo solto.
Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.
O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.
Gineceu.
Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me
Espantou a inocência.
A circular impressão se revelara.
Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha, se alongava, qual
fita emprestada, distraidamente, no ar.

Hoy me desperté con una golondrina en el estómago.
La noche era de tiempo claro y sueño.
Sabía que era un descanso milenario, el pelo suelto.
Sin angustia, ley, arbustos o vísceras por delante.
El edificio siguió su curso normal de vida, una especie de refugio impune.
Gineceo.
Observaba sin capacidad el cielo estelar, cuando la chica de astronomía
asustó la inocencia.
La impresión circular se había revelado.
Como en mi estómago, como una golondrina, estirándose, como
cinta prestada distraídamente en el aire.